segunda-feira, 20 de abril de 2009

Gestores Públicos: quando a causa é privada!

O Tribunal de Contas revelou hoje que existem gestores públicos que estão a pagar multas aplicadas pelo mesmo tribunal por gestão danosa da coisa pública, com dinheiro... dos serviços que gerem! Parece surreal mas o absurdo toma por vezes forma de realidade.
Então vejamos: estes senhores e senhoras são condenados por má administração de empresas públicas e como se não fosse o bastante para deixarem de o ser, porque não é pedir muito que se procure o mesmo grau de exigência para público e privado, ainda têm o desplante de pagar as coimas a que foram condenados com dinheiros dos próprios serviços que dirigem. Ou seja, ao desviarem fundos públicos para o pagamento de multas dirigidas apenas à sua pessoa por provada incompetência no desempenho das suas funções, estão a cometer o mesmo crime para o qual foram condenados, má gestão do dinheiro que é de todos e para todos! Imaginem agora que cada um de nós iria buscar à sua empresa o capital necessário para liquidar as nossas dívidas pessoais? Pois, aí o nome que se daria para o crime em causa não seria “desvio de fundos” mas sim “roubo”, mas como se tratam de empresas públicas, o laxismo com que se lida com os sucessivos e lesivos “assaltos” aos cofres do estado, e por ordem de razão, aos bolsos dos contribuintes, arranja logo maneira de dar um nome mais simpático à coisa...
Mas o ministério das finanças veio logo assegurar que a "haver utilização indevida de dinheiros públicos, haverá lugar à sua reposição por parte dos gestores"! Reposição? Repitam lá? Roubar é um crime, sobretudo quando se rouba a todos ao mesmo tempo! A frase deveria ser “haverá lugar à punição”, porque o roubo tem uma moldura penal que vai de X a Y anos de prisão, e em nenhum tribunal se viu o juiz a dizer ao assaltante: “olha, repões o que roubaste e vais embora alegremente para a tua vidinha como se não fosse nada”...
Em resumo. Temos gestores públicos condenados em tribunal por má gestão a continuarem a desempenhar funções no lugar para o qual foram nomeados. Esses mesmos gestores pagaram a multa a que foram sentenciados com dinheiros PÚBLICOS, da empresa PÚBLICA que lesaram anteriormente por má gestão. Este acto repetido e danoso de má gestão, má-fé e falta de ética no trabalho tem por parte do governo um sério aviso/castigo: terão que repor o dinheiro!
Depois sai um relatório/alerta do observatório para a segurança que afirma que o apoio à extrema-direita aumenta em Portugal! Estavam à espera de quê? As condições cada vez mais se proporcionam, o caldo de impunidade e ignorância está aí! O mínimo que se pede ao estado para travar a ideologia do ódio e da violência que facilmente é incutida aos jovens e analfabetos, é que faça cumprir a lei e estabeleça padrões mínimos de exigência e ética aos seus funcionários na gestão do dinheiro que é de todos nós! Porque se a democracia não toma a rédea a esta corja de ladrões de colarinho branco que através da cunha e do “amiguismo” inundaram os organismos do estado, facilmente esses extremistas ignorantes e demagogos aproveitam a oportunidade. E não seria tão difícil. Alguém já viu o filme “A Onda”?
Proudhon Nikola

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